(Prole)tarização

O anúncio, acintoso, da criação de uma “equipa multidisciplinar” para aumentar a natalidade por parte de um Governo que destruiu 1 milhão de postos de trabalho e cortou a massa salarial acima de 30%, onde a pobreza aumentou de 2 para 3 milhões num espaço de 4 anos, um governo que está a destruir a saúde e educação públicas, virá a ser constituído por leis anti aborto, um grupo de juízes conservadores, polícias e muitas revistas cor-de-rosa a explicar que o dia do nascimento de mais um filho de uma rainha que faz 50 viagens por ano com 4 amas atrás foi o mais feliz da vida dela?
Que as pessoas se recusem a ter filhos na actual situação é um sintoma de salubridade e decência. Os filhos não são um boneco que se compra para afagar o ego e, longe vão os tempos, felizmente, em que a segurança social era constituída por ter muitos filhos, que alguns acabariam por cuidar dos pais em velhos e muitos filhos, todos juntinhos, aos 10 de casa vez, 3 gerações, numa casa insalubre, para que todos os míseros salários juntinhos permitissem manter-se vivos. Há! velhos tempos, que ainda bem que passaram…
Não faltam nas nossas universidades equipas multidisciplinares que provaram – sem contraditório algum – que a dívida pública é uma renda fixa, que as PPPs deviam ser unilateralmente denunciadas, que a Banca devia ser nacionalizada, que os trabalhadores pagam 75% de todos os impostos, que é possível reduzir o horário de trabalho sem reduzir o salário e toda as pessoas trabalharem, que o Estado Social é auto sustentado. Não precisamos de equipas multidisciplinares, precisamos de políticas de ruptura com este modelo social destrutivo.

O desemprego, em gráfico, antes e depois da actuação da “equipa multidisciplinar que veio para o país para o tirar da crise”. Fonte: Eugénio Rosa.

desem

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10 Responses to (Prole)tarização

  1. JgMenos says:

    «Há! velhos tempos, que ainda bem que passaram…»
    Eis uma nota otimista mas pouco oportuna, porque há modelos que vão regressando por insustentáveis os que os substituíram.
    Se o seguro de velhice dos pais já não não é a descendencia numerosa, só o aumento da produtividade o justifica; mas sempre alguma descendência há-de ser necessária, pois ainda que muito acumulem alguém haverá de pagar as rendas..
    «…é possível reduzir o horário de trabalho sem reduzir o salário e toda as pessoas trabalharem»
    Fantástico!

    • JgMenos desculpar-me-á se o meu entendimento de que a sua exclamação «Fantástico!» não é o sarcasmo que suponho…
      É que, sendo sarcasmo, merece que se lhe explique que de facto é assim: ««…é possível reduzir o horário de trabalho sem reduzir o salário e todas as pessoas trabalharem».
      Não sei onde Raquel Varela foi buscar aquilo que parece ser uma citação, mas podia ter sido de um livro que publiquei já há uns anos atrás: «Anatomia da Crise – Crónica de Um Desastre Anmunciado».
      Num dos capítulos desse livro explico – com detalhe quanto baste – como tal será possível, como saída para a crise.
      Isso – essa possibilidade – apesar de uma alegada «fálácia da quantidade fixa de trabalho» («lump of labor fallacy», como dizem os americanos…) sempre propalada pelos economistas da «linha principal» ou «linha politicamente correcta».
      A explicação é talvez deamasiado longa – por isso escrevi um livro (…) – para um blogue, mas pode resumir-se a «isto».
      1. O que verdadeiramente interessa aos trabalhadores é o ordenado liquido.
      2. O Estado o que tem a fazer é ajustar as tabelas de IRS e de «descontos pata a SegSocial»
      3. O Estado tem é que ajustar o IRC, não aos lucros declarados mas sim à actividade registada.
      4. Com menos desemprego (menos subsídios a pagar pelo Estado…) e mais alguns impostos sobre a actividade empresarial (os lucvros podem declara-los onde quiserem…) o Estado acaba por ficar a ganhar. E as empresas também…
      Não é milagre. É a lógica do sistema posta de novo a funcionar, mas a um patamar mais elevado. Enquanto Marx tinha razão na análise do sistema, o Keynes nisso – da «engenharia socialo» – até que tinha razão: «salvar o capitalismo dos próprios capitalistas»…
      O problema é claro – e isso os capitalistas vieram cedo a perceber – é que não há capitalismo regulado estacionário… A sua evolução (mais tarde ou mais cedo) levava ao SOCIALISMO (essa coisa «hoorivel»). E vai daí a luta de classes e a tentativa de «voltar atrás», que é o que procuram fazer todos os reaccionários.

    • says:

      Para o JgMenos, a ver se cresce e passa a ser ++++++…

      Sabe lá Deus porquê, o congresso do PSD foi profícuo em manifestações de apego ao que muitos insistem designar como “social-democracia”. Num tempo em que Passos Coelho promove em Portugal uma política de fazer inveja a Augusto Pinochet e aos Chicago Boys, muita gente tentou passar a ideia que aquele partido continua a ser social-democrata, coisa que, aliás, nunca foi. O PSD nasceu PPD no berço da ala soft do regime fascista e por puro oportunismo mudaram-lhe o nome para PSD.

      Passos Coelho é tudo menos social-democrata, Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite não passam de cristãos conservadores, PSá Carneiro era de direita senão não estavam armados em fascistas liberais na Assembleia Nacional de Marcelo Caetano, Marques Mendes nem sabe o que é e Santana Lopes nunca passou de um bandalho ideológico.

      Um dos discursos que melhor retrata ideologicamente este partido que tem uma designação que se trata de uma contrafacção foi o de Fernando Costa, vereador do PSD na autarquia de Loures. Comentando a sua relação apaixonada com Bernardino Soares, o agora presidente da Municipal de Lisboa, o vereador do PSD Fernando Costa que protagonizou a coligação entre o PSD e o PCP em Loures dizia que “Sá Carneiro está descansado porque sabe que é mais fácil ele vir para a social-democracia do que eu ir para o marxismo”, divertindo a plateia.

      Temos, portanto, um senhor que diverte os seus pares exibindo a sua própria ignorância, alguém mais culto do PSD devia explicar a esta pobre alma que a social-democracia é e sempre foi uma corrente do marxismo e se o Sá Carneiro não dá voltas na campa não é por ele não ter aderido ao marxismo, é porque um alto responsável do PSD é um ignorante convencido de que ser social-democrata é ser anti-marxista.

      Aliás, o pobre senhor mal sabe que o maior ódio ideológico por parte dos comunistas mais conservadores nem sequer é em relação à direita, é sim em relação à corrente social-democrata, e mais do que a preocupação com o interesse de Loures é esse ódio comum ao PS que serviu de argamassa de uma coligação que de tão sólida até é festejada no congresso do PSD. Talvez o vereador do PSD tenha razão e um dia o agora admirador da Coreia do Norte venha a aderir ao PSD, nem sequer seria o primeiro ou o último a fazê-lo, quando se muda do PCP para o PSD nem sequer se muda tudo, mantém-se o ódio à social-democracia.

      O incrível de tudo isto é que um partido que na Europa pertence à aliança de todos os partidos da direita, tendo lá entrado pela mão do seu actual parceiro de coligação, insista em considerar que em matéria de ideologia o Carnaval são 365 dias, sustentando esta contrafacção partidária que é dizer que os herdeiros da ANP, uns mais liberais do que outros, são social-democratas. O ridículo chega ao ponto de Passos Coelho ter ido perguntar aos militantes de um partido que se diz ser social-democrata, se são de esquerda ou de direita.

      Fazer a pergunta de Passos Coelho é a mesma coisa que perguntar a um vendedor da Feira do relógio se a camisola que está vendendo é ou não da Lacoste. O PSD está para a social-democracia como as camisolas que são vendidas na Feira do Relógio estão para a Lacoste.

    • Paulo. says:

      Redução da jornada de trabalho – numa família decente quando um bem escasseia raciona-se o bem escasso. Seria pelo menos desejável que se tentasse: provavelmente mais gente com algum dinheiro e mais tempo para o gastar seria até do interesse das empresas. De toda maneira se isso diminuisse os lucros das empresas estas sempre poderiam deslocalizar-se para Marte.

  2. Força Raquel, vamos entalá-los sempre nas mentiras e subterfúgios com que pretendem enganar as pessoas.
    Zé Manel

    • Blutt und Crimean War says:

      bolas atão se ela mentir mais e levar porrada de putos de 16 anos na ar jumentação é melhore?

      boa…..200 mil desempregados em 2001 ? bolas atão o vale do ave adevia ter a maior percentagem de desempregados do país

      tinha 15%

      ora se em 5 milhões de activos só havia 200 mil ou quiçá 300 mil desempregados só haveria 6% de desempregados

      u isso ou pôs as estatísticas no prego….

      forza forza kamarada tacho

      • Mario Braga says:

        Blutt und Crimean War diz:
        O seu comentário aguarda moderação.
        Fevereiro 25, 2014 às 1:51 am
        bolas atão se ela mentir mais e levar porrada de putos de 16 anos na ar jumentação é melhore?

        boa…..200 mil desempregados em 2001 ? bolas atão o vale do ave adevia ter a maior percentagem de desempregados do país

        tinha 15%

        ora se em 5 milhões de activos só havia 200 mil ou quiçá 300 mil desempregados só haveria 6% de desempregados

        u isso ou pôs as estatísticas no prego….

        forza forza kamarada tacho…..ou cacho o que tivere terminasón

  3. Bolota says:

    Sobre a questão da Natalidade, nada melhor que um exemplo concreto.
    Tenho uma prima, casada, licenciada a trabalhar a recibo verde, com 34 anos de idade que sob pena de não conseguir ter um filho deitou a crise para trás das costas e engravidou.
    Resultado, ainda adiou a noticia no local de trabalho, mas quando a deu foi despedida.

    Raquel, “equipa multidisciplinar” ????

    FORÇAAAAAAAAAAAAAAAAA

  4. E.Santos says:

    A ditadura maçónica-financeira precisa de escravos!

  5. Kiko Navas says:

    “precisamos de políticas de ruptura com este modelo social destrutivo.”
    Quais politicas? Um exemplo por favor.

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