Não creio que a maioria social que exige a demissão deste governo acredite que o PS possa ter soluções muito diferentes das levadas a cabo por PSD/CDS. E se é certo que a vontade que a população tem demonstrado de ser um actor político cada vez mais interventivo não se deve esgotar em eleições, também é verdade que essa mobilização terá de encontrar um espaço de ruptura no plano eleitoral que se constitua a partir de uma possibilidade de ser poder.
As mais recentes investidas de cidadãos autoproclamados de independentes, ainda que orbitem em diferentes esferas do poder, afunilando o problema em pormenores do sistema eleitoral, na Constituição ou na manutenção do depauperado Estado social, são, na prática, tentativas de enviesamento do problema central: o sistema como um todo.
No plano eleitoral, que – repito – não pode esgotar o potencial de participação que se tem visto nas ruas, urge o surgimento de uma força política que dê perspectivas de ser poder e que enfrente sem dogmas os problemas do país. Uma força política que não coloque de lado a saída do euro, que assuma como central a nacionalização da banca, o aumento dos salários ou a renegociação da dívida, dará uma expressão eleitoral a muito do que é reivindicado nas ruas. A manutenção de um discurso de esquerda manso – defendendo o euro ou floreando sobre alianças – não corresponderá à radicalização que o povo exige nas ruas e com urgência.
A não constituição desta força social e política abrirá espaço a que a insatisfação se traduza eleitoralmente em movimentos de carácter populista que não têm qualquer aspiração a provocar uma ruptura no sistema ou a enfrentar a casta que nos governa há mais de 30 anos.
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A questão só pode ser resolvida desta forma. Mudar o sistema, o problema reside aí.
E esse dever pertence aos verdadeiros patriotas, aos intelectuais progressistas, aos eternos marginalizados, à classe subalterna, aos explorados e oprimidos.
Tal como a realidade tem provado, mudar as pessoas não altera nada.
Porque as vozes mudas só têm servido para dar continuidade ao sistema.
Eu gostava que isso fosse verdade… Mas daqui, do Portugal profundo, não se antevê esse futuro, aliás vê-se um passado prontinho a saltar-nos em cima.
‘…não corresponderá à radicalização que o povo exige nas ruas e com urgência’
Estar zangado, frustrado, assustado, tem tanto de radicalismo quanto o precedente consumismo tinha de conformação ao sistema – meramente incidental!
Com efeito, o povo não exige radicalização. O povo exige soluções para os seus problemas. Nós podemos saber que essas soluções não são possíveis sem alterações radicais no sistema, mas não se imagine que o povo sabe isso ou que estará disposto a dar-nos o seu apoio para essa radicalização. Temos de ser muito convincentes e gradualistas para conseguirmos o apoio democrático necessário a mudar o que tem de ser mudado. Se ficarmos impacientes e quisermos avançar mesmo sem o apoio popular, acabaremos com polícias políticas e gulags… Como de costume…
Apraz-me ler a palavra GULAG escrita por pessoas de direita ou por quem ronda essas bandas embora apontem noutra direção.
Com os desvarios que o capitalismo lá tem provocado mas que faltam fazem umas coisitas dessas agora.
Perturba-os os GULAG e não os perturba os pântanos de AKMOLÁ?
Um dia talvez tenha-mos ocasião de abordar isso.
“zangado,frustrado,assustado, são palavras escolhidas por Menos para defender a sua posição de situacionista perante o sistema.
No fundo,no fundo como se o que vivemos hoje se tratasse apenas de sentimentos típicos de adolescentes perdidos e assustados perante o descalabro que assistimos
(não sequer vale a pena falar no consumismo e na sua incidental conformação ao sistema…lol)
É cada vez ampla a convicção de que as coisas não podem continuar como estão
“O povo é o agente das grandes rupturas históricas. Mas para que ele se assuma como sujeito é imprescindível consciência politica.É esse também o papel dos revolucionários
E é precisamente isso que Menos teme
Puro engano!
Não são os revolucionários que me atemorizam mas o sim que necessariamente se lhe seguirá..
Esses livros do século XIX esgotaram a sua validade em meados do século.XX , mas permanecem à cabeceira de DE. Sonhos felizes!
Hum…Menos e o que se passa em Chipre?
Um comentário desbragado de Menos sobre a situação em Chipre berrava pela expulsão deste país do Euro e terminava com um “JÁ” deveras significativo.
Agora a raiva transformou-se em “frustração,zanga,susto”.
Os sentimentos típicos de “comentador de pacotilha” (prefiro dizer de classe) amansados perante o descalabro. Mas todo o ódio desbragado perante quem ousa dizer não
Menos nem se apercebe, na sua furia e no seu mister, que as suas ideias são ainda mais velhas que o século passado.Vêm pelo menos desde os tempos da inquisição
Eu sei que o oportunismo é para si uma inevitabilidade mas nem por isso lhe assenta bem!
Se Chipre é um paraíso fiscal que funcionou mal, nada mais razoável do que pagar um preço por isso!
Ai, que é um imposto retroactivo, confisco e mais que tal! Seja!
Que eu vá pagar impostos para que o paraíso permaneça e seja confirmado – não interessado!
Eu não sei se lhe fica bem ou não.Estou-me positivamente nas tintas.De facto não é “oportunista” a qualificação mais adequada no seu caso.
Mas demagogia barata e vivas à troika e aos troikistas não passam.
Fazer pagar os cipriotas em geral pelos desmandos alheios e englobá-los na categoria de “mafiosos russos” é de pulhas sem princípios e subditos fiéis do capital
E aí vossemecê está como peixe na água?
O que só confirma a sua fúria travestida de zanga, frustração e susto
Registe-se que tal comentário de Menos por mim citado, englobava o confisco dos depósitos com menos de 100 000 euros.
O que seria exactamente igual para menos mais a sua cólera troikista assim extravasada
O descalabro,”meramente incidental”,que a troika interna e a troika externa têm conduzido o nosso país.
O descalabro económico e social em Portugal:
“Os desvios que se verificam entre as previsões que serviram de base à elaboração do Orçamento do Estado de 2013 e as previsões que resultaram da 7ª avaliação da “troika” de Mar.2013 são enormes. A nível do PIB a quebra aumenta 130%; no consumo privado a diminuição é de 59,1%; no investimento a quebra é 81% superior à prevista no OE-2013; a quebra na procura interna é 41,4% superior à prevista no OE-2013; a diminuição na taxa de crescimento das exportações atinge 77,8%, podendo dizer-se que vão praticamente estagnar em 2013; a destruição de emprego aumenta 129,4% relativamente à taxa prevista no OE-2013. O cenário macroeconómico do OE-2013 é fantasioso, tal como as quebras nas receitas fiscais e nas contribuições para a Segurança Social em Jan.2013 – inferiores às de Jan.2012 em 82,8 milhões € – acabam de confirmar.
Interromper este caminho de desastre é cada vez mais urgente, por muito que esse facto incomode os cálculos do PS.
Eugénio Rosa
Há que espalhar estes dados,objectivos e concretos.Para desmascarar a informação veiculada pelos media e pelas trombetas do sistema.
E para esfregar nas carantonhas feias,sujas e repelentes dos terroristas sociais que nos governam
Dados objectivos da treta!!!
Se o orçamento da troika é o que asegura o financiamento, esse é o bom orçamento até que se possa garantir que outro orçamento produza esse efeito!
Mas as ‘virgens da política’ gostam de planos quinquenais com os números bem martelados e a bater sempre certo no papel!!!
A verdade dos factos é terrível para um personagem como Menos que tem na troika o seu alfa e omega quotidiano
Mas quando alguém como Menos fala em que estes números são “tretas” ficamos a aguardar que os corrija ou rectifique.Sob pena de continuar menos a rastejar no lodo da mentira e da manipulação.Mais os seus planos quinquenais martelados (a fazerem-se passar por virgens) com que mostra a sua patética impotência em discutir factos concretos e reais.
Um cobarde a fugir para o quinquénio.E mais irritado do que seria aconselhável dada a sua “zanga, frustração e susto”Percebe-se porquê
🙂
Romper com o sistema implica explicar (porque somos todos muito burros), desmistificar a inevitabilidade do Euro e da UE. E quem o poderá fazer não aparece com tempo de antena, ou cortam-lhe a palavra antes que o possa fazer – não convém.
Explicar leva tempo. O mesmo tempo que os situacionistas levam a estruturar a defesa dos seus interesses, a fuga de capitais, a concertação internacional da contra-reação, a criação do aparelho repressivo – que cria mais dependência e mais medo, mais desespero e espaço ao populismo.
A nacionalização da banca e o controlo dos fluxos financeiros não se anuncia como programa de governo – faz-se. E sempre em simultâneo com outras medidas coordenadas. Doutra forma é ineficaz.
Cheira a revolução? cheira! e sabe!
De facto o PS não difere dos actuais: até a moção de censura tem de ser, antes, explicada à troika (autorizada, melhor dizendo) – faz-me lembrar a autorização do patrão a substituição de um Proença, na UGT.
Caro Tiago:
Escreves que «No plano eleitoral, que – repito – não pode esgotar o potencial de participação que se tem visto nas ruas, urge o surgimento de uma força política que dê perspectivas de ser poder e que enfrente sem dogmas os problemas do país».
Sublinho «urge o surgimento». Eu já tenho – e é bastante antiga (92 anos) – e pensava que tu também.
o PCP está-se a mexer, e vai começando a apontar a saída do euro como um cenário. por outro lado, o BE, inspirado pela posição de defesa da manutenção na moeda única de Louçã, até se arrepia só de ouvir falar em saída do euro.
O PCP faz de conta que as realidades económicas não existem e que sair do euro não só é desejável como teria consequências positivas. O Louçã, que sabe umas coisas de economia, não vai em fantasias e “wishful thinking”. Ele bem sabe o desastre que seria a nossa saída do euro, na situação em que estamos. Não me parece que seja por cegueira ideológica que defende a nossa manutenção – enquanto de todo possível – na zona euro, mas porque sabe os efeitos que essa saída teria na inflação, nas taxas de juros, na nossa frágil competitividade, e no peso da dívida externa (cotada em euros e dolares) e no desemprego. Eu posso não concordar com muitas das políticas que Louçã defende, mas neste caso ele tem toda a razão.
Os argumentos de autoridade sobre economia são sempre tramados. Economistas há-os para todas as saídas, até no BE: http://www.ionline.pt/dinheiro/sair-euro-estes-economistas-nao-encontram-outra-alternativa
Mais uma vez a petulância como cartão de apresentação:
“O Louçã, que sabe umas coisas de economia, não vai em fantasias e “wishful thinking” e por aí fora qual carro desarvorado no pretenso esmagar argumentativo.
Um texto que não subscrevo na íntegra, mas que se pauta pela honestidade intelectual e pela preocupação com o rigor e a seriedade
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2013/03/o-contributo-do-pcp-para-o-debate-sobre.html
Um exemplo a reter.E qualitativamente substantivo, face aos cataventos metafísicos